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Da beleza para a moda

O que vem em sua mente quando ouve a palavra “moda”? Segundo o dicionário, esse termo refere-se a 

1. conjunto de opiniões, gostos, assim como modos de agir, viver e sentir coletivos

2. uso de novos tecidos, cores, matérias-primas etc. sugeridos para a indumentária humana por costureiros e figurinistas de renome.
Dentro do universo de Afrodite, esse conceito se une aos padrões de beleza para consolidar o ideal de aparência perfeita.

 

Engana-se quem pensa que a moda é apenas um produto mercadológico. Ela tende a refletir os comportamentos de uma sociedade. Mas hoje, ela vai além disso, sendo, acima de tudo, uma indústria preocupada com a produção e venda de grandes quantidades de produtos têxteis. 

 

Para isso, antes de vender roupas, ela precisa vender desejos. Desfiles, campanhas e mídias sociais são utilizadas para isso. Assim como para os padrões estéticos, os produtos dessa indústria são vendidos e desejados pois são atrelados à felicidade e sucesso. 

É justamente a partir dessa produção de desejo que se cria  uma relação de dependência de consumo com o público. Desta forma, a moda convence o público a comprar novas peças, ainda que muitas vezes sem necessidade: para nos tornarmos algo que não somos e dificilmente poderemos ser. 

Da mesma forma que concepções de beleza são cíclicas e influenciadas pelas sociedades nas quais os indivíduos se inserem, a moda também passa por fases. Seja com clássicos espartilhos para afinar a cintura ou com as calças jeans de cintura baixa para glamourizar a magreza, as peças procuram atender expectativas muitas vezes irreais. E é justamente sob esse aspecto que a indústria da moda se atrela à da beleza.

Quando se fala de padrão de beleza, pautas como tamanho e peso não devem ser as únicas abordadas. Outras minorias também devem ser representadas, como as mulheres trans, negras e PCDS. Discutir a questão da representatividade no meio da beleza e da moda é tão necessário quanto dar voz a essas pessoas. Um exemplo de produção que vai ao encontro dessa ideia é o reality show Born to Fashion. Lançado em 2020,  provoca o diálogo entre moda e identidade, chamando atenção para a luta das mulheres em busca de um lugar no mercado da moda. 

 

Para a criadora de conteúdo digital Beatrice Rocha, a moda influencia muito no que a sociedade entende por padrão de beleza. Por meio de sua produção de conteúdo, Beatrice traz sua rotina, tratando de pautas como inclusão e beleza do corpo PCD, sendo ainda um grande exemplo de representatividade.

“Na moda bonita, aceitável e tendência existe muito mascarado a ideia de diversidade, a ideia de diferentes corpos. Mas tudo que a gente tem é mais do mesmo, e a gente vê isso nos mínimos detalhes.” 

Dentro dessa realidade, é como se as pessoas fora do “padrão” não tivessem o direito de ter o próprio estilo, de serem representadas ou de se sentirem bem com a própria imagem. Para a indústria convencional, são as pessoas que devem se adaptar às roupas, e não o contrário. 

Carolina dos Santos, influencer que é referência na produção de conteúdos sobre moda e beleza acredita que a representatividade é essencial para que as mulheres entendam que podem ser e ocupar o espaço que quiserem. Dentro de seu público, mulheres negras e/ou com mais de quarenta anos são diariamente incentivadas e inspiradas a acreditarem em si mesmas.

“Então, eu como uma mulher gorda, eu sei os meus desafios para poder falar sobre a beleza de uma forma que as pessoas não me enxerguem somente como uma pessoa gorda, mas sim uma mulher que tem uma beleza e como qualquer outra. Fala-se que a beleza negra não se vende, mas eu acho que é a que mais dá retorno em todos os aspectos, porque é uma beleza única, é uma beleza que tem as suas vantagens, falo por mim sendo uma mulher de quarenta e cinco anos que não aparento ter essa idade e que eu me cuido da melhor forma possível.”

 

Esses relatos trazem a luz a importância da escuta e do se ver representada de uma forma real. Em uma sociedade midiatizada na qual filtros e intervenções cirúrgicas atuam como mecanismos para naturalizar e solidificar os coercitivos padrões de beleza, ser autoral e ter consciência da beleza que mora em cada diversidade e singularidade é essencial.

 

Uma alternativa para se conectar mais com essa proposta é consumir conteúdos e seguir personalidades que realmente se comprometam em produzir de acordo com a realidade, incentivando as mulheres a glorificarem seus corpos naturais e os utilizarem de forma e buscar e encontrar felicidade em sua forma mais genuína. 

Uma produção autoral da equipe "Afrodite não te contou", o As Vozes da Beleza nas Redes Sociais  é um mini podcast que conta com um copilado de relatos e experiências compartilhadas por mulheres que tratam do mundo da beleza e suas interseccionalidades.

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